quinta-feira, 21 de abril de 2011

Agora, liberdade


A vida era muito dura. Não chegávamos a passar fome ou frio ou nenhuma dessas coisas. Mas era dura porque era sem cor, sem ritmo e também sem forma. Os dias passavam, passavam e passavam, alcançavam as semanas, dobravam as quinzenas, atingiam os meses, acumulavam-se em anos, amontoavam-se em décadas — e nada acontecia. Eu tinha a impressão de viver dentro de uma enorme e vazia bola de gás, em constante rotação.
(Caio Fernando Abreu)

domingo, 10 de abril de 2011

Eu


Não se engane com o que vê
A semiótica me escolheu como filho
Complexo e codificado
Faço traços com o imaginário

...Queria eu poder corresponder tamanho sentimento
Embarreirado não por medo
Mas por estado

Como posso poder explicar
Um assunto cujo eu mesmo não sei lhe dar
Tamanha ânsia do meu viver
Sigo em frente

Procuro palavras
mas me soam corrosivas
Procuro tempo
mas me soa covardia

Seja dito por mim
Ou descoberto em glória
Nas entrelinhas do meu texto
Deixo claro que ainda procuro
Uma forma de pontuar meu eixo

Pedro Oliveira